Desde tempos ancestrais, o Japão e a Cannabis carregam uma relação peculiar, que desempenhou papéis importantes em rituais e narrativas tradicionais. O país viu a verdinha chegar em suas terras por meio de marinheiros, no tempo das grandes navegações, numa época em que o sistema feudal ainda prevalecia na terra do sol nascente.
Com o tempo, a planta se inseriu na cultura da época. Sacerdotes xintoístas utilizavam varetas cerimoniais, conhecidas como gohei, onde as fibras de cânhamo faziam parte da confecção e serviam para afastar espíritos malignos, simbolizando pureza e proteção.
O uso do cânhamo também estava enraizado em costumes como os casamentos, onde a família do noivo enviava presentes de cânhamo para a família da noiva a fim de demonstrar aceitação. Assim como fios da fibra da planta faziam parte da ambientação durante as núpcias do casal para representar a obediência da esposa.
Ativistas da planta como Jack Herer e Chris Conrad exploraram indícios do uso de cannabis no xintoísmo e no taoísmo japonês, revelando uma relação antiga e complexa com a planta. Há registros de sementes de cannabis em queimadores de incenso datados do século 1 d.C.
No entanto, apesar da rica história cultural da cannabis no Japão, a sociedade contemporânea enfrenta desafios significativos relacionados ao seu uso, visto que as leis atuais são extremamente rigorosas. Casos recentes, como o do snowboarder Kazuhiro Kokubo, ilustram as tensões entre as leis rigorosas anti-drogas e uma crescente curiosidade em relação à cannabis. Kokubo foi detido em 6 de novembro por contrabando de 57 gramas de um produto derivado da maconha dos Estados Unidos ao Japão, país anfitrião das Olimpíadas de 2020, que mantém regras rígidas contra a cannabis. A prisão de Kokubo ganhou destaque na imprensa internacional, chamando a atenção para a abordagem do Japão em relação ao uso da maconha.
O Japão, que mantém uma posição de tolerância zero em relação às drogas ilegais, enfrenta um aumento no consumo de cannabis entre os jovens, desafiando as políticas de repressão do governo. A detenção de figuras públicas, como o músico Junnosuke Taguchi e o ator Pierre Taki, destacam a intensidade do estigma associado ao uso de drogas no país.
No entanto, em meio a essa postura conservadora, o Japão se encontra à beira de uma mudança significativa. A recente aprovação de leis que regulamentam o uso medicinal da cannabis marca um momento histórico, abrindo portas para tratamentos inovadores e aliviando o sofrimento de pacientes com condições médicas graves.
Apesar dos desafios e da longa história de proibição, o ressurgimento da cannabis nipônica promete uma nova era de compreensão e aceitação. À medida que a sociedade japonesa reavalia suas políticas e valores em relação à cannabis, está claro que a planta continua a desempenhar um papel complexo e multifacetado na cultura e na identidade do Japão moderno.
Texto: Isadora Araujo
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