O perigoso e infeccioso viroide latente do lúpulo (HPLVD) é considerado uma ameaça de disseminação global de novo viroide da maconha, tendo sido monitorado por muitos produtores desde sua descoberta em 2018, espalhou-se pela América do Norte e está ameaçando sair do controle e causar bilhões de dólares em perdas na indústria, advertem os especialistas.
Os pesquisadores estão classificando o viroide como a maior preocupação para os produtores de maconha e lúpulo em todo o mundo. “É uma crise total”, disse Av Singh, um consultor canadense em cultivo de maconha que também trabalha como diretor científico da Green Gorilla, uma fabricante e varejista online de óleos de CBD derivados de cânhamo, produtos tópicos e produtos para animais de estimação com sede em Malibu, Califórnia. “Acho que não estamos reconhecendo o quão grande é essa crise”.
Zamir Punja, professor de biologia vegetal da Universidade Simon Fraser, na Colúmbia Britânica, Canadá, afirmou que o viroide latente do lúpulo (HpLVd) é o número 1 dos patógenos de plantas com os quais a indústria da maconha precisa se preocupar.
“Você não pode ajustar nada, como controles ambientais, para combatê-lo”, disse Punja. “Ou ele está lá, ou não está. “E uma vez que ele esteja lá, e não seja reconhecido, então você o espalha automaticamente.” Os produtores podem tomar medidas preventivas para conter a disseminação do viroide, que pode ser transmitido de planta para planta de várias maneiras, conforme os especialistas.
Mas é difícil de parar e talvez nunca seja eliminado, disseram os especialistas. Oussama Badad, co-fundador e diretor científico da Growmics, uma empresa de pesquisa de plantas em Carbondale, Illinois, disse que o viroide “continua sendo um mistério”. “O problema é que a indústria da maconha, nos últimos 20 anos, pelo menos, era baseada apenas em clones”, disse Badad. “Então todo mundo está enviando clones daqui para lá, e ninguém estava testando, ou ninguém conhecia nenhuma metodologia para testar esse vírus. “Basicamente, espalhamos por todo o planeta. Qualquer pessoa que receba qualquer planta ou semente dos Estados Unidos, especialmente da Califórnia, tem o viroide em seu cultivo.”
Pequeno e furtivo
Os especialistas alertaram que o viroide é furtivo. Ele também é muito pequeno, assintomático e aguarda uma oportunidade para infectar uma planta. A forma provável de transmissão é por meio das ferramentas de poda utilizadas para a propagação vegetativa e enxertia, ou pelas mãos humanas.
Quando o viroide ataca, o patógeno vegetal se move rapidamente das raízes para as folhas e para as flores em duas a três semanas. Ele é mais problemático em sistemas hidropônicos — em vez de cultivos ao ar livre — porque o viroide pode se mover através da água e infectar mais facilmente raízes que tendem a se emaranhar.
O viroide latente do lúpulo não mata a planta imediatamente. Mas um produtor pode ver uma planta infectada lutando para crescer normalmente porque ela é mais baixa e os tricomas estão subdesenvolvidos ou atrofiados. O resultado: níveis mais baixos de THC e CBD, que podem cair até 40%. É como se a planta simplesmente não tivesse energia para investir nesses tricomas, ficando mais perceptível quando a planta floresce.
Pesquisadores sugerem que a fase de floração é quando o viroide pode se tornar mais virulento, talvez devido ao estresse pelo qual a planta hidropônica passa durante a mudança de iluminação de 12 horas ligada, 12 horas desligada, que ocorre durante a fase de floração. Como precaução, os produtores devem testar suas plantas, até as raízes. Mas mesmo assim, não há garantias, pois infelizmente, um único teste não é suficiente. O que se tem notado é que o primeiro teste será negativo, três semanas depois, negativo novamente e então, três semanas depois, positivo.
Onde se encontra
Acredita-se que o viroide esteja presente no solo dos cultivos, disseram os pesquisadores. Também está presente na água dos cultivos hidropônicos. E está definitivamente nas raízes. Além disso, o patógeno está nas sementes e não na superfície delas. Ele também pode se espalhar para as mãos das pessoas ao manusearem as plantas, movê-las, empilhá-las ou pendurá-las.
Mesmo uma planta infectada tocando outra pode transferir o viroide. Qualquer tipo de inseto sugador de seiva que faça um furo na planta, especialmente nas raízes, pode criar um caminho para a infecção. Até onde os pesquisadores sabem, o inseto em si não transporta o viroide de uma planta para outra. O viroide também pode ser transmitido pelo ar e provavelmente está presente na maioria das instalações de produção de maconha licenciadas comercialmente nos Estados Unidos e Canadá.
A frequência de plantas infectadas é estimada entre 25% e 50% em ambos os países. Testes realizados pela cultivadora de clones Dark Heart Nursery em 100 produtores de maconha na Califórnia, de agosto de 2018 a julho de 2021, descobriram que um terço das plantas em 90% desses cultivos estavam infectadas. Essa descoberta sustenta as projeções de que o viroide afeta mais de 30% de todas as plantas de cannabis nos Estados Unidos. “Isso se traduz em perdas anuais de mais de US$ 4 bilhões para os produtores americanos, que esperavam produzir mais de 7 milhões de libras de maconha legal em 2021”, disse Jeremy Warren, diretor de ciências vegetais da Dark Heart.
Acredita-se que o viroide tenha sido identificado pela primeira vez na Glass House Farms, que possui 5,5 milhões de pés quadrados de área total de estufas de maconha no condado de Ventura, Califórnia. Os cultivadores da Glass House perceberam que suas plantas estavam com crescimento atrofiado e com falta de terpenos e canabinoides. “Na verdade, é difícil identificar que está infectado, porque a planta parece bastante saudável”, disse o Presidente da empresa. “Se você tem seis plantas e uma delas está estranha, você pensa que é a planta, mas quando você tem 10.000 plantas, como em nossa instalação, e elas estão sendo alimentadas com a mesma fórmula de nutrientes sendo automatizadas na mesma estufa e são da mesma variedade, então, de repente, 10% ou 20% de suas plantas não estão produzindo da forma que deveriam, você começa a investigar um pouco mais.”
Uma amostra de RNA de uma planta infectada da Glass House Farms foi examinada em laboratório e sequenciada, onde o laboratório identificou o genoma correspondente ao viroide. “Eu ficaria surpreso se o viroide fosse algo que desaparecesse”, disse Farrar. “Acho que provavelmente é algo com o qual vamos ter que conviver.”
Como combatê-lo
A ajuda está a caminho de várias fontes.
A Dark Heart desenvolveu um teste genético para diferenciar plantas infectadas de não infectadas. Também ajudou a desenvolver um processo de limpeza patenteado para eliminar o viroide de espécimes infectados. Segundo um comunicado de imprensa, a equipe do laboratório da Dark Heart já eliminou o viroide em 31 variedades.
Em maio de 2021, a Front Range Biosciences, sediada no Colorado, introduziu um método de limpeza de plantas infectadas usando cultura de tecidos. E em março de 2023, a Biomerieux, uma empresa francesa de soluções de diagnóstico, desenvolveu um kit para testar a presença do viroide. São boas práticas operacionais de biossegurança e testes, pois o viroide é resistente e persistente.
Se há esperança de eliminá-lo, seria a engenharia genética CRISPR ou o uso de melhoramento de plantas para criar resistência. Um estudo publicado em março de 2023 no jornal Frontiers in Plant Science revelou que o viroide pode ser transmitido verticalmente nas sementes de maconha e sugeriu que a seleção de variedades de plantas resistentes pode ser uma estratégia eficaz para lidar com o problema.
Outra estratégia é a adoção de sistemas de cultivo de tecidos, onde plantas limpas podem ser propagadas sem o viroide. Embora os desafios sejam significativos, os pesquisadores e a indústria estão trabalhando para controlar a disseminação do viroide e proteger a indústria global de maconha.
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Texto: Alex Chagas
Referências:
Experts sound alarm over global spread of dangerous marijuana viroid (mjbizdaily.com)
Over 90% of Calif. pot farms infected with ‘severe’ pathogen (sfgate.com)
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