Colheita e secagem da cannabis: tudo que você precisa saber.

A colheita e a secagem são etapas fundamentais no cultivo da cannabis, marcando o momento de colher os frutos do trabalho árduo e da dedicação durante semanas ou meses. Essas etapas não apenas garantem o sucesso do cultivo, mas também influenciam diretamente na qualidade final dos buds, no sabor, no aroma e na potência. É por isso que entender como realizar a colheita e a secagem de maneira adequada é essencial para qualquer cultivador.

Neste guia completo, abordaremos todos os aspectos dessas etapas, desde como identificar o momento certo para colher até as melhores práticas para uma secagem eficaz. 

O momento ideal para a colheita:
Saber o momento certo para colher é uma das habilidades mais importantes no cultivo da cannabis. Isso porque o estágio de maturação dos buds determina não apenas o perfil químico da planta, mas também os efeitos que ela proporcionará.

Entenda mais sobre os fitocanabinoides da cannabis aqui. 

Como identificar o ponto certo?

Pistilos: são os pequenos “pelinhos” que saem dos buds. Quando a planta está jovem, eles têm uma coloração branca. À medida que amadurecem, começam a escurecer e ganham tons de laranja, vermelho ou marrom. Quando cerca de 70% a 80% dos pistilos estão escuros e enrolados para dentro, é um forte indicativo de que a planta está pronta para a colheita.

Tricomas: Os tricomas são estruturas microscópicas que produzem e armazenam os canabinoides e terpenos responsáveis pelos efeitos e pelo aroma da planta. Durante o ciclo de floração, os tricomas passam de translúcidos para brancos e, finalmente, para um tom âmbar. O estágio ideal para a colheita depende do efeito desejado:

Tricomas translúcidos: Indicam que a planta ainda não está madura.

Tricomas leitosos: Proporcionam maior teor de THC, com efeitos mais energéticos e psicoativos.

Tricomas âmbar: Representam um aumento no CBD, produzindo efeitos mais relaxantes.

Ferramentas para ajudar na análise: Para observar os tricomas, é essencial usar uma lupa ou microscópio portátil. Esses equipamentos permitem identificar as mudanças de cor e o estágio exato de maturação com precisão.

Descubra mais sobre a colheita nesse vídeo:

Preparação para a colheita

Depois de identificar que a planta está pronta, é hora de preparar o espaço e os materiais necessários. Lembre-se que antes de começar a colheita, é necessário garantir que todas as ferramentas e o ambiente estejam higienizados. Isso é essencial para evitar fungos ou pragas que possam comprometer a qualidade dos buds.

Ferramentas Necessárias:

Certifique-se de ter os seguintes itens preparados:

• Tesouras de poda: Certifique-se de que estão esterilizadas para evitar contaminações.
• Luvas: Para proteger os buds e evitar que resina grude nas mãos.
• Cestos ou bandejas: Para organizar os galhos ou buds.
• Espaço para secagem: O local deve ser limpo, ventilado e com controle de umidade.

Técnicas de Colheita:

Escolha entre dois métodos principais:

1. Corte por galhos: Recomendado para plantas grandes. Retire os galhos um por um, facilitando o manuseio e a organização na secagem.
2. Corte na base: Ideal para cultivos menores, onde a planta inteira é cortada e pendurada para secar.

Durante a colheita, remova as folhas maiores e inspecione os buds para verificar se há sinais de infestação ou danos. Evite apertar os buds com muita força para não danificar os tricomas e opte por trabalhar em um local bem iluminado (para o corte), mas prepare um ambiente escuro para a secagem.

Transição para a Secagem:

A secagem é uma das etapas mais críticas, pois elimina a umidade dos buds, preserva os canabinoides e os terpenos, e evita problemas como mofo ou ressecamento excessivo. Além disso, ela influencia diretamente no sabor e na experiência do usuário.

Assim que a colheita for concluída, os buds devem ser organizados para secar em um dos dois métodos:

• Cesta de secagem:  Os buds são retirados dos galhos e colocados em cestas respiráveis. As folhas menores, conhecidas como sugar leaves, são deixadas para proteger os buds durante o processo.
• Varal: Nesse método, os galhos inteiros ou a planta completa são pendurados de cabeça para baixo. Os buds são separados apenas após o término da secagem.

Ambos os métodos devem ser realizados em ambientes com:

• Temperatura de 24ºC.
• Umidade relativa entre 50% e 55%.
• Use ventiladores para manter o ar circulando, mas sem direcionar o fluxo diretamente para os buds.

O tempo de secagem varia entre 7 e 14 dias, dependendo do clima e do método escolhido. A paciência é essencial, pois secagens rápidas podem comprometer a qualidade.

Como saber se a secagem está concluída?

Saber se a secagem da cannabis está concluída é um processo essencial para garantir a qualidade final dos buds. Aqui estão os principais indicadores de que a secagem está no ponto ideal:

Teste do Galho:

Dobre os galhos menores da planta. Caso o galho esteja flexível (como borracha): Indica que ainda há muita umidade retida nos buds, e o processo de secagem precisa continuar.
Caso o galho esteja emitindo barulhos de “estalo” com um leve som de ‘crec-crec’: É sinal de que a umidade foi eliminada e os buds estão prontos para a próxima etapa.

Aparência dos Buds:

Os buds devem ter uma aparência firme, mas sem estar excessivamente secos. Quando pressionados levemente, eles devem manter a forma e não se desfazer.

Peso dos Buds

Buds recém-colhidos têm um peso significativamente maior devido à umidade. Após a secagem, os buds devem estar consideravelmente mais leves.

Aroma:

Durante a secagem, os buds podem ter um cheiro “verde” ou de clorofila. Quando a secagem está concluída, o aroma se torna mais concentrado, destacando os terpenos naturais da planta.

Descubra mais sobre a Secagem da Cannabis nesse vídeo:

Erros mais comuns durante a colheita e a secagem:

Os principais erros na colheita e secagem podem ser evitados com planejamento, paciência e atenção aos detalhes. Cuidar do ambiente, usar as ferramentas corretas e respeitar o tempo necessário para cada etapa garantem buds de alta qualidade e uma experiência completa para o consumidor.
Aqui está uma lista detalhada dos problemas mais frequentes:

Colher no momento errado:

Erro: Colher cedo demais ou tarde demais.
Colheita precoce: Resulta em buds com menos potência, aroma e perfil de terpenos subdesenvolvidos.
Colheita tardia: Pode levar à degradação do THC e aumento excessivo do CBD, alterando os efeitos esperados.
Como evitar: Observar os sinais de maturação nos pistilos e tricomas usando uma lupa ou microscópio portátil.

Secagem rápida demais:

Erro: Usar métodos acelerados como secadores, fornos ou expor os buds a calor excessivo.
Impacto: Os buds perdem sabor e aroma, ficando amargos e com textura inadequada.
Como evitar: Respeitar o tempo ideal de secagem (7 a 14 dias) em um ambiente com temperatura e umidade controladas.

Umidade inadequada durante a secagem:

Erro: Ambiente muito úmido ou muito seco.
Alta umidade: Risco de mofo e deterioração dos buds.
Baixa umidade: Secagem rápida, resultando em buds quebradiços e amargos.
Como evitar: Manter umidade relativa entre 50% e 55% no espaço de secagem.

Falta de ventilação:

Erro: Secar os buds em um ambiente sem circulação de ar adequada.
Impacto: Pode causar acúmulo de umidade, levando à proliferação de fungos e mofo.
Como evitar: Usar ventiladores para manter o ar em movimento, mas sem direcionar diretamente para os buds.

Exposição à luz durante a secagem:

Erro: Secar os buds em locais iluminados.
Impacto: A luz degrada os tricomas, reduzindo a potência dos canabinoides e a qualidade dos terpenos.
Como evitar: Escolher um ambiente escuro para a secagem.

Falta de paciência:

Erro: Iniciar o consumo ou cura antes do término da secagem.
Impacto: Os buds ainda conterão umidade excessiva, o que pode prejudicar a experiência e aumentar o risco de mofo durante o armazenamento.
Como evitar: Aguarde o processo completo e inicie a cura apenas quando os galhos emitirem o som de “crec-crec”.

Desconsiderar fatores ambientais:

Erro: Ignorar o impacto do clima local no processo de secagem.
Impacto: Condições adversas podem acelerar ou atrasar a secagem, comprometendo a qualidade.
Como evitar: Ajustar o ambiente de secagem com o uso de desumidificadores, umidificadores ou ar-condicionado, conforme necessário.

Como a secagem interfere na qualidade da cura?

A secagem é uma etapa preparatória essencial para a cura, e sua qualidade afeta diretamente os resultados finais do processo. Eis como isso acontece:

Secagem muito rápida: Quando os buds secam rápido demais (por calor excessivo ou baixa umidade), a umidade interna não é eliminada uniformemente, dificultando uma cura eficaz. Isso também pode degradar terpenos, deixando os buds sem sabor e aroma.

Secagem inadequada: Se os buds ainda contêm muita umidade ao serem armazenados para a cura, o risco de mofo aumenta significativamente. Esse erro pode arruinar completamente a colheita.

Preservação dos terpenos: Uma secagem lenta e controlada em condições ideais garante que os terpenos sejam preservados, proporcionando buds de alta qualidade prontos para a cura.

Equilíbrio entre umidade interna e externa: Durante a secagem, é necessário remover a maior parte da umidade externa dos buds, mas mantendo uma pequena quantidade de umidade interna para que o processo de cura ocorra corretamente.

Conclusão:

A colheita e a secagem são mais do que etapas técnicas: elas representam o momento de colher os frutos do trabalho e dedicação ao longo do cultivo. Cada detalhe importa, desde identificar o ponto certo de maturação até controlar as condições ambientais durante a secagem.

Vale ressaltar que a secagem e a cura são processos complementares que, quando realizados corretamente, garantem a melhor qualidade para os buds. Uma secagem bem conduzida é a base para uma cura eficiente, enquanto erros nessa etapa podem comprometer irreversivelmente o produto final. Ao investir tempo e paciência, o resultado será buds aromáticos, potentes e com uma experiência de consumo superior.

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Texto: Beatriz Medaglini

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